sábado, 27 de setembro de 2008

Pré-sal, o D. Sebastião da Educação

– Brasil, condenado à esperança – sentenciou Millôr Fernandes em 1971. Sinto, mas nosso querido país não mudou muito de lá para cá. Podemos ver isso quando o governo declarou que destinará parte da renda do pré-sal para a educação. Ótimo, dinheiro nunca é demais. Contundo, a exploração do petróleo nem começou, e praticamente já estamos fazendo dívida. Pior ainda é ficarmos esperando o salvador, quero dizer, o dinheiro chegar, para fazermos algo. Ele pode atrasar; quando não, ser desviado. Estamos no Brasil, não? Que tal agirmos já com os recursos que temos? Será que é pouco? Pelo menos, a intenção é boa: tornar obrigatório o Ensino Infantil e Médio. É um absurdo uma criança entrar no primeiro ano sem saber segurar um lápis.

Por outro lado, Brasil é o país do ceticismo também. Quase concomitantemente, a imprensa soltou uma pesquisa que afirma que royalties do petróleo não melhoram educação no Rio de Janeiro. Que coincidência, não? Estou ficando neurótico ou a imprensa quer insinuar que essa verba vinda do pré-sal não terá valia? Ora, dinheiro não é tudo, mas tudo envolve dinheiro. Uma escola com boa infra-estrutura (salas, lousas, mapas, merenda, transporte, etc.) não obterá um grande êxito, se não tiver professores capacitados e motivados. Assim como uma que conta com bons professores, mas não tem infra-estrutura. Lembra-se das escolas de lata? Em ambos os casos, o investimento precisará ser alto para alcançar o equilíbrio e, conseqüentemente, ter sucesso no ensino. Isso sem falar da direção escolar, pois há – e como há – algumas que tolhem o vôo do professor.

Portanto, não vamos, por favor, querer inventar um D. Sebastião e ficar esperando por ele. Isso é coisa de português. E se caso ele aparecer, com certeza, não salvará a pátria. Nem vamos ser pessimistas ao extremo e dizer que esse dinheiro não vai ajudar. Sejamos mais realistas. Vamos nós, trabalhadores brasileiros, exigir mudanças significativas e concretas, como as que aponto aqui, para elevar o nível do nosso ensino. Pelo menos para sairmos do vergonhoso último lugar.

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