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domingo, 12 de abril de 2009

Por uma escola mais digna (III)

Este é o último artigo de uma série de três que apontam o que está errado no ensino. Já foram abordados os erros dos pais e dos professores. Resta falar sobre os alunos. Será que eles têm alguma culpa nisso? Não são eles o objeto da educação? Segundo Paulo Freire, essa é a primeira afirmação equivocada, pois os estudantes devem ser o sujeito da educação. A educação é direcionada a eles, sim, mas não pode ser recebida de forma passiva. É vital que haja reflexão e crítica. Assim, necessitamos aprender qual é a forma correta de estudar. Para isso, reflitamos sobre alguns tópicos.

Por que estudar? Estudo recente feito pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) revela que mais de 70% dos jovens brasileiros não têm nível de educação para conseguir um trabalho bem remunerado. Portanto, a primeira resposta é para conseguir um bom emprego. Por outro lado, vemos que esse bom emprego não está relacionado com a força bruta do ser humano, mas sim com a inteligência, com o uso do intelecto. Então, a segunda resposta é para ficar mais inteligente.

Quando estudar? Para respondermos a essa pergunta, antes precisamos entrar em outro assunto que é a noite de sono. De acordo com o professor Pierluigi Piazzi e com uma pesquisa publicada na revista Veja (21/11/2007), é justamente durante o sono que nós armazenamos novos conhecimentos. Ou seja, ninguém aprende algo acordado; é preciso dormir para o novo conhecimento se solidificar em nossas mentes. O problema é que nem sempre gravamos o que queremos. Normalmente, ficam registrados de forma nítida na memória fatos que envolvem emoções fortes ou que são repetidos. Portanto, uma aula qualquer será fatalmente esquecida, se o aluno não se envolver emocionalmente com ela ou ficar repetindo várias vezes o conteúdo. Detalhe, essa repetição não deve ser necessariamente oral, como muitos fazem para decorar algo. O que está sendo abordado aqui é o aprendizado, não a decoreba. Outro ponto importante é a duração do sono. O ideal para adolescentes, segundo pesquisadores da Universidade Cleveland, nos Estados Unidos, é 9 horas. Menos disso pode causar obesidade, problemas de crescimento, déficit psicomotor, alteração de humor e, a grande novidade apresentada por eles, hipertensão. Voltando à pergunta inicial, a resposta é devemos estudar o dia inteiro. O primeiro passo é ter qualidade de sono: dormir cedo para acordar cedo. O segundo é ir à escola de manhã e participar ativamente das aulas. O terceiro e mais importante é revisar – estudar – o conteúdo dado de manhã na parte da tarde, isto é, deve haver uma repetição das aulas. Os que frequentam a escola de tarde devem estudar à noite. E quem frequenta à noite precisa dormir uns 40 minutos mais tarde. Estudar na véspera ou momentos antes da prova não tem valia. Você pode até tirar uma nota boa, mas certamente não aprenderá.

Quanto estudar? Ou qual deve ser a duração do estudo? Isso varia de pessoa para pessoa. Uns precisam apenas de duas horas diárias, outros mais. No entanto, o que precisa ser esclarecido é que se pode estudar o dia inteiro, mas o ideal é que, para cada 30 minutos de estudo concentrado, se faça um intervalo de 10 ou 15. O que fazer durante o intervalo? As atividades mais indicadas são: fazer exercícios físicos, ler por prazer ou diversão, tocar instrumentos, ouvir música e fazer palavras cruzadas. As menos indicadas são: ver TV (com exceção de poucos programas) e usar computador. A dica é trabalhar as outras áreas do cérebro para que, depois, possa retornar ao estudo concentrado.

Como estudar? Um velho ditado chinês diz: “Se eu escuto, esqueço. Se eu vejo, entendo. Se eu faço, aprendo”. Com mil caracteres na escrita deles, só assim mesmo para aprender. A conclusão é que devemos praticar as matérias: resolver exercícios, fazer resumos e explicar o conteúdo para alguém. Dessa maneira e com a repetição necessária, aprenderemos qualquer coisa.

Por último, não podemos deixar de frisar o valor e os benefícios da leitura, já conhecidos por todos. Além de ser o melhor exercício para o cérebro, pois tem o poder de torná-lo mais inteligente, traz conhecimento de mundo. Nenhuma cultura é inútil. E uma vez adquirida, ninguém pode lhe tirar.

Minha mensagem final é: leia! Leia como uma criança que acabou de ser alfabetizada: sentido prazer e ficando feliz. Leia tudo o que tiver vontade.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A Falta de Interesse dos Alunos

Eu não queria ver. Achava que era impossível isso ser verdade. Todavia, foi inevitável. O que eu temia aconteceu: “número de inscritos na Fuvest é o menor dos últimos 10 anos”. As causas apontadas são aumento de vagas no ensino superior – 200% nos mesmos últimos dez anos – e estagnação do ensino médio – apenas 50% dos adolescentes de 15 a 17 anos o cursam.

Embora a primeira causa tenha essa conotação depreciativa, ela somente ocorreu por necessidade. Havia poucas vagas no ensino superior. Só pode ser, portanto, positivo ter mais cidadãos cursando o ensino superior e, consequentemente, melhorando sua educação e situação de vida. No entanto, na realidade, esse aumento tem um lado negativo que é a qualidade de muitos cursos. E para agravar mais a situação, há um outro aumento: o da mitificação deste vestibular. O próprio coordenador da Fuvest, Roberto Costa, reconhece isso: “muita gente acha que o vestibular é difícil, prefere prestar a faculdade perto de casa, com custos menores de alimentação e transporte”.

Com base nessas informações, pode-se deduzir que os estudantes do ensino médio de hoje não se preocupam com os estudos. “Para que vou me matar de estudar sendo que posso fazer esta ou aquela faculdade? E depois vai ser difícil arranjar emprego do mesmo jeito”, assim pensam muitos. Como consequência desse pensamento infantil, pode-se apontar até o atual fracasso escolar. Sim, pois o professor entra na sala de aula para preparar o aluno, mas ele não quer ser preparado. O que fazer, então? Outra consequência, talvez num futuro próximo, é o desaparecimento dos cursos preparatórios para o vestibular – os famigerados cursinhos. Eles só existem porque estudantes querendo ingressar em faculdades ou universidades de renome os procuram. Pode-se pensar também numa redução das escolas particulares pelo mesmo motivo. Tudo indica que estamos caminhando para a falência de pensadores. A lei do menor esforço tomou conta do País. Para falar a verdade, tomara que essa redução ou desaparecimento das escolas particulares aconteça de fato, mas por causa da excelência da escola pública.

Com relação à segunda causa o governo está mais preocupado, pois o ministro Fernando Haddad apresentou proposta de emenda constitucional para ampliar o ensino obrigatório, que será da pré-escola até o ensino médio. Espera-se que, com isso, outras medidas – como contratar mais docentes qualificados, aumentar salário dos professores, melhorar os cursos de licenciatura e construir mais escolas – sejam tomadas para que, realmente, a aprendizagem seja efetiva e que todos possam sonhar em cursar universidades de renome.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Eleições Inusitadas

O que dizer de um vereador eleito com apenas um mísero voto? Aconteceu em Pau d’Arco, Piauí. A candidata Carmem Lúcia Portela Santos (PSB) se candidatou em 2004, ficou como suplente e, em junho de 2008, tomou posse após a cassação de um vereador. Como se não fosse o bastante, Piauí conseguiu superar esse recorde inusitado: Armando Dias Teixeira (PR) foi empossado em julho na cidade Queimada Nova, mesmo sem ter recebido um voto, nem mesmo o dele.

O que dizer dessa realidade? A que ponto chegamos em nossa democracia. Apesar do furor causado por este fato, a posse é considerada legal, pois o partido de Armando recebeu votos, consequentemente, o vereador também.

Diante dessa situação e do fim de um pleito conturbado, faz-se necessário uma reflexão sobre o nosso sistema eleitoral. Será que é justo acontecer de candidatos menos votados serem eleitos em virtude do partido? E os fichas-sujas? Poderiam eles se candidatar?

Segundo Millôr Fernandes, o Brasil deveria instaurar o voto contra. Os eleitores votariam duas vezes: uma a favor e outra contra. Deduzindo-se os votos negativos dos positivos, obtém-se o número de votos válidos. E quem ficasse com o saldo mais negativo receberia como castigo 100 chicotadas ou 20 chibatadas.

É um método desbundante, sem dúvida. Daria uma lição de moral em muita gente. Contudo, minha opinião diverge. Eu defendo que o voto não seja obrigatório, ao menos, para que não aconteça o que eu vi em minha cidade: mulheres indecisas acabaram votando em um candidato boa-pinta. Sinceramente, se é para votar desse modo, para que as "Diretas Já"? Na verdade, se é para sonharmos, eu vou além. Para mim, não deveria haver mais eleições, mas sim um concurso idôneo. A maioria vota nas pessoas mais carismáticas. Quem disse que são justamente essas que sabem administrar melhor? E o pré-requisito primordial deste concurso seria o terceiro grau completo em qualquer área, mas com pós-graduação em administração pública. Desse modo, muitos paus-mandados – gente que não faz nada nos bastidores – sucumbiriam. Haveria uma limpeza total dos nossos representantes. E a democracia? Bem, poderia ficar para o critério de desempate.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O marketing sempre vem primeiro?

Infelizmente tenho de abrir o ano de 2009 com uma notícia que não traz muita felicidade: MEC encolhe programas, mas aumenta o marketing. Será mesmo que o marketing é mais importante do que os programas? Podemos deduzir que para o ministro, sim. O programa de educação de 2009 será uma propaganda. Contudo, espero que algo bom aconteça e que este ano seja de realizações e bastante trabalho.

Com base nessa mesma notícia, é possível refletirmos sobre outro ponto. Já que é começo de ano e todos fazem votos, ponderemos o que realmente é importante para nós: propaganda ou trabalho? Está certo que é preciso ter os dois para obtermos sucesso na carreira, mas até que ponto um deles tem de se sobressair? Em 2009, qual será o seu enfoque?

Abraços e muito sucesso

sábado, 18 de outubro de 2008

Por uma escola mais digna (II)

Faltam famílias. Pronto, disse tudo o que precisava sobre o papel dos pais na educação dos filhos. Contudo, esse termo está tão banalizado hoje em dia a ponto de o pai matar, esquartejar e jogar no lixo os filhos. Absurdo? Aconteceu em Ribeirão Pires, aqui no estado de São Paulo. Família não significa maispessoas vivendo sob um mesmo teto” (Dicionário Houaiss), pois a moda é se casar e depois se divorciar. Está certo, ainda assim continuam pessoas vivendo sob um mesmo teto, mas a família (pai, mãe, filhosou as pessoas que representam essas figuras) que havia ali se desintegrou. E perceba que não foi usado o verbo “aturar-se”, “suportar”, “sobreviver”, “perseveraroutolerar”, mas simviver”, que de acordo com o Aurélio significa: “1. Ter vida; estar com vida; existir. 2. Perdurar, subsistir; durar. 3. Passar à posteridade; perpetuar-se. 4. Gozar a vida, sabendo aproveitá-la. 5. Tirar partido de tudo. 6. Habitar, residir, morar. 7. Alimentar-se, sustentar-se”.

 

No entanto, faz realmente falta uma família para o estudante? Vejamos duas pesquisas recentes. “Com a participação ativa dos pais na vida escolar, a nota dos alunos é cerca de 20% maior”, Revista Veja, 24 de setembro de 2008. “Pais que são freqüentadores de igrejas [juntamente com os filhos] tendem a ser mais preocupados com a educação de seus filhos e interagem mais com professores”, afirmou Edwin Hernandez, que realizou essa pesquisa nos EUA (Folha de S. Paulo). Evidentemente, os filhos desses pais se saem melhor na escola. Está certo que a pesquisa foi nos EUA, mas se fosse aqui, no Brasil, não teria um resultado parecido?

 

Para ficar mais fácil e didático, enumero sete características do pai (ou mãe) exemplar. Ele deve: 1. ser amoroso, mas não permissivo. 2. manter, em casa, a harmonia, o respeito e o diálogo aberto (não adianta nada você ser o homem mais poderoso do mundo, se não for nada para o filho). 3. cobrar que seu filho durma cedo, vá à escola, estude, faça lição de casatudo isso diariamente. 4. não tentar comprar o filho com presentes. 5. fazer o filho refletir, entender por que errou, não criticar comportamentos inadequados (outra pesquisa americana mostra que, em média, uma mãe fala 34,2 nãos por dia – faltou completar que não adianta nada). 6. estimular o filho a ter metas. 7. desenvolver a capacidade crítica dele, principalmente ao ver TV. Se você, pai ou mãe, não desempenhar esse papel, quem desempenhará? A criança? Por acaso, ela adquiriu autonomia para não precisar de vocês? O professor, então? Deixar mais essa responsabilidade nas costas do professor não funciona, pois ele não vai embora para casa com o aluno. É responsabilidade de vocês, pais.

 

Quanto à relação pai e professor, precisamos estabelecer algumas regras e limites para acabarmos, definitivamente, com essa guerra. Se, por ventura, algum dia o senhor, pai, não aprovar certa atitude do professor, ou vier a seu conhecimento algum equívoco que este cometeu, não diga isso ao filho. Vá e converse, em particular, com o professor. Por que isso? Se declararem ao filho que o professor não sabe nada ou que não poderia ter feito isso ou aquilo, o filho, na figura de estudante, nunca mais irá respeitar o professor. Ele pensará que o papai, sempre, o defenderá e que, deste modo, poderá fazer tudo o que bem entender. Acontecendo isso, todos, inclusive os pais, terão dificuldade de lidar com ele. Assim como o pai, o professor deve ser o herói. Nunca podemos enfrentá-lo, afirmar que lhe falta qualidade e caráter ou lhe retirar a autoridade. Podemos e devemos dialogar com ele, visando à melhoria da educação, mas não na presença do filho. Enfim, é preciso confiar os filhos ao professor e ponto final.

 

Mais uma vez quero deixar claro que a culpa do fracasso escolar não é dos pais nem dos professores; é de todos. Ainda resta discutirmos o papel dos estudantes.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Caça às bruxas

Não me agradou nem um pouco a demissão do professor e poeta Oswaldo Martins. porque ele escreve poemas eróticos (os quais não são trabalhados em sala de aula), não quer dizer que seja um péssimo professor ou queinfluenciar os alunos a sair por praticando "você sabe o quê". A TV desenvolve um excelente trabalho nesse ramo.

 

Pelo teor e pela qualidade dos poemas que eu li, Oswaldo é muito bom. Um ou outro poema contém palavras mais fortes. Além disso, a escola se considera moderna, construtivista e estimuladora da expansão cultural. Parece-me que ela se contradisse com essa atitude. E o ponto fulminante dessa história foi que um grupo de pais, quando leram os poemas, foi correndo expulsar o professor da escola. Pelo amor de Deus, a escola não pode dar ouvido a apenas alguns pais. Se for dar ouvido, que seja a todos, então.

 

Isso me deixa revoltado. Quanta hipocrisia há neste mundo. Então, eu pergunto: esse grupo de pais, ao ver TV com os filhos, se é que faz isso, muda de canal quando passa uma cena erótica ou meramente sensual? Esses pais conversaram sobre sexo e assuntos correlatos com os filhos? A internet dos filhos tem filtro? Esses pais sabem se os filhos são virgens ou sabem como e com quem aconteceu?

 

À escola pergunto: ela não gostaria de ter no corpo docente Manuel Bandeira, por exemplo? Mas ele e tantos outros escreveram poemas eróticos. À escola pergunto novamente: não seria moderno abordar a sexualidade em suas aulas? É, certamente, uma tarefa difícil, mas primordial. Hoje mesmo, para citar um exemplo, um professor de biologia contou-me que, durante uma aula de vírus, um aluno perguntou se AIDS mata. Tem cabimento um negócio desse? Ainda por cima, o aluno era do terceiro ano do Ensino Médio.

 

Um pouco de realidade não mata. Não sejamos quixotescos.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Balanço Semanal

Semana passada foi uma semana daquelas. Muito corrida, sem tempo para fazer muita coisa (engraçado, sempre que a gente fala isso, significa tempo para fazer algo de entretenimento ou de lazer ou simplesmente nada), mas muito satisfatória.

Fora minhas aulas, traduzi um filme, ensaiei com os alunos para a Noite de Talentos, que aconteceu sexta passada, e ainda tive a grande oportunidade de conhecer o escritor Antonio Prata. Ele passou aqui pela nossa cidade na quinta-feira, e eu já mesmo tentei estabelecer contato com este ser de outra dimensão. Digo isso porque nos conhecemos no restaurante Barracão em Conceição de Monte Alegre (distrito de Paraguaçu Paulista). Lá a comida é excelente; e as histórias, fantásticas. Dizem que houve uma vez que esse restaurante ficou sem telhado, pois um UFO posou lá. Vai saber, ninguém anotou a placa. Isso foi na hora do almoço, e, à noite, houve um bate-papo com ele na Biblioteca Municipal. Fiquei muito satisfeito e perplexo com o comportamento de todos que lá compareceram. Em sua maioria, a platéia era formada de alunos que participaram de forma extraordinária. Primeiro, devo descrever o silêncio sepulcral que fizeram. Nunca vi uma pessoa chegar e ler três crônicas numa tacada e ninguém conversar. Depois, bombardearam o escritor com perguntas ótimas, inteligentes. Bem, acho que a professora antes de levá-los para lá pediu que fizessem o dever de casa: conhecer o autor, ou seja, lê-lo, e elaborar perguntas. Resumindo foi uma experiência única neste cosmo. A propósito, acabo de adicionar o blog dele em “Blogs”.

Já na sexta, como disse, aconteceu a Noite de Talentos. Outro banho de realidade em mim. Eu, que pensava que os alunos pouco se interessavam pela vida cultural, vi outro empenho maravilhoso dos estudantes, agora os do meu colégio. Acredito que nessa noite, nós alcançamos o que defendi em “Por uma escola mais digna”. Isto é, os alunos literalmente deram um show: dançaram, tocaram músicas, distribuíram um livro contendo seus poemas, além de recitá-los. E não pára por aí, os que mais se destacaram foram os quietinhos, os tímidos, os que quase nem conversam nas aulas. Verdadeiramente, todos mostraram um desenvolvimento na comunicação verbal, não-verbal, oral e escrita. Seria inigualável se todos os dias na escola fossem assim. Todos sairiam contentes, satisfeitos e com uma bagagem maior.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Por uma escola mais digna (I)

Uma hecatombe. Essa é a melhor descrição da escola de hoje. Exagero? Não, nenhum pouco. Esta semana, fomos banhados com um mar turvo de notícias que relatam o que acontece na maioria das escolas públicas brasileiras. Veja alguns exemplos: 1 em cada 4 docentes estaduais de Campinas foi alvo de violência; alunos agressores não são punidos; gravidez precoce é maior causa de evasão escolar; gravidez na adolescência vira projeto de vida para jovem carente; dois milhões de jovens vão à escola sem saber ler e escrever. Ou seja, a escola atual perdeu totalmente sua característica. Virou um antro de prostituição, tráfico de drogas e vandalismo. O professor ganha pouco e ainda apanha calado. Evidentemente, pois, se quiser se defender, comprará briga com o aluno, com sua gangue, com o Conselho Tutelar: com o mundo todo. Por isso, defendem punição severa aos alunos. A maioria dos alunos, por sua vez, freqüenta a escola por obrigação. Com descaso e outros interesses é como ele a trata. Muitos pais, em contrapartida, afirmam que a obrigação da escola é educar e nada ajudam para que essa tarefa seja realizada com sucesso. Isso quando não incentivam os filhos a desrespeitarem o professor.

O que fazer diante dessa hecatombe? Discutir o repasse de verba ou de quem é a culpa? Isso é perfumaria. O problema é geral. Não há um culpado. Todos somos culpados. O que precisamos fazer é atacar por todos os lados esse mal incrustado em nossa pele. Comecemos, casualmente, pelos professores que têm de parar e rever seu papel. Não faz mais sentido o uso da palmatória. Já passamos da era da industrialização, quando a disciplina tinha de ser rígida com o intuito de preparar o povo para trabalhar várias horas, sem poder refletir por que fazia aquilo. A função da escola era a de programar o povo para esse tipo de trabalho.

Portanto, não adianta, hoje, o professor despejar nos alunos um mundaréu de informações, regras e dicas sem contexto, e estes despejarem de volta na prova. É primordial que se tenha reflexão. Estamos na era da informação, ou pós-industrial. O maior tesouro é dispor de informações sobre como produzir, para quê, para quem e onde, isto é, encontrar a informação mais adequada para um fim. Entretanto, é essencial que se saiba discriminar a informação relevante da mera especulação.

Para seguirmos a exigência do mercado, defendo aqui uma subversão lingüística que Celso Pedro Luft pregava. O novo papel da escola é o de aprimorar a comunicação dos estudantes tanto na forma escrita quanto na oral, tanto na verbal quanto na não-verbal. E isso só será possível quando os alunos forem motivados e estiverem, constantemente, em contato com excelentes exemplos de textos (escritos, orais, verbais e não-verbais). Não é uma tarefa fácil. É árduo, é penoso. Mas isto, sim, é educação: uma construção demorada, mas sólida do cidadão.

Sem dúvida nenhuma, essa mudança será mais fácil nos lugares onde o corpo docente trabalha com mais autonomia. Onde não é preciso seguir, cegamente, uma cartilha, apostila ou livro didático. E nada melhor que o próprio professor, especialista em sua matéria, para saber como fazer essa mudança.

No entanto, que fique muito bem claro: a culpa não é dos professores. Ainda faltam os alunos e os pais. Veremo-nos na próxima oportunidade.

sábado, 27 de setembro de 2008

Pré-sal, o D. Sebastião da Educação

– Brasil, condenado à esperança – sentenciou Millôr Fernandes em 1971. Sinto, mas nosso querido país não mudou muito de lá para cá. Podemos ver isso quando o governo declarou que destinará parte da renda do pré-sal para a educação. Ótimo, dinheiro nunca é demais. Contundo, a exploração do petróleo nem começou, e praticamente já estamos fazendo dívida. Pior ainda é ficarmos esperando o salvador, quero dizer, o dinheiro chegar, para fazermos algo. Ele pode atrasar; quando não, ser desviado. Estamos no Brasil, não? Que tal agirmos já com os recursos que temos? Será que é pouco? Pelo menos, a intenção é boa: tornar obrigatório o Ensino Infantil e Médio. É um absurdo uma criança entrar no primeiro ano sem saber segurar um lápis.

Por outro lado, Brasil é o país do ceticismo também. Quase concomitantemente, a imprensa soltou uma pesquisa que afirma que royalties do petróleo não melhoram educação no Rio de Janeiro. Que coincidência, não? Estou ficando neurótico ou a imprensa quer insinuar que essa verba vinda do pré-sal não terá valia? Ora, dinheiro não é tudo, mas tudo envolve dinheiro. Uma escola com boa infra-estrutura (salas, lousas, mapas, merenda, transporte, etc.) não obterá um grande êxito, se não tiver professores capacitados e motivados. Assim como uma que conta com bons professores, mas não tem infra-estrutura. Lembra-se das escolas de lata? Em ambos os casos, o investimento precisará ser alto para alcançar o equilíbrio e, conseqüentemente, ter sucesso no ensino. Isso sem falar da direção escolar, pois há – e como há – algumas que tolhem o vôo do professor.

Portanto, não vamos, por favor, querer inventar um D. Sebastião e ficar esperando por ele. Isso é coisa de português. E se caso ele aparecer, com certeza, não salvará a pátria. Nem vamos ser pessimistas ao extremo e dizer que esse dinheiro não vai ajudar. Sejamos mais realistas. Vamos nós, trabalhadores brasileiros, exigir mudanças significativas e concretas, como as que aponto aqui, para elevar o nível do nosso ensino. Pelo menos para sairmos do vergonhoso último lugar.

sábado, 20 de setembro de 2008

Veja e Suas Imposições

É flagrante e intrigante o que a revista Veja acaba de fazer: lançar o projeto “Educar para Crescer” justamente depois da reportagem sobre a educação que aponta diversos problemas – um deles é os erros contidos nos mais variados livros didáticos e apostilas. Se é louvável querer colocar em pauta a educação? Mas é claro! Contundo, eles vão querer, sem dúvida, defender – quando não, endeusar – as publicações e os projetos da Editora Abril. Parece que querem impor suas ideologias. Esse tipo de atitude não me agrada. Vejo que, num futuro, talvez próximo, viveremos numa era em que a mídia mais poderosa dominará o país, senão o mundo. Espero que eu esteja errado.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Enxugando Gelo

Esta semana tivemos duas notícias que chamaram atenção. A primeira alerta que, de 33 países, o Brasil é o que menos investe por aluno: pouco mais de 1.000 euros (R$ 2.439) anuais. Ficamos atrás de Portugal, Estônia, Polônia, Eslováquia, Chile, México, Rússia, sem falar da Suíça, Noruega, Áustria, Dinamarca e, lógico, Estados Unidos. Engraçado, o Gustavo Ioschpe afirma que, em porcentagem do PIB, nós investimos o mesmo tanto que os países desenvolvidos. Será que ele está certo? A segunda diz que, se fossem aprovados todos os projetos da Câmara para inclusão de disciplinas, a jornada escolar seria de 16,3 horas por dia. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, por que os parlamentares não vão freqüentar essa nova escola por um ano e depois nos falam como ficou? Talvez assim eles parem de inventar projetos mirabolantes e escalafobéticos.


Acertadamente, filosofia, sociologia e música voltaram a ser disciplinas obrigatórias. A meu ver, não deveriam nem ter saído. Erroneamente, querem transformar em disciplina, por exemplo, as teorias sobre a origem dos seres vivos, rio Amazonas, reciclagem e poluição. Ora, esses já são componentes curriculares; fazem parte das Ciências, da Biologia, da Geografia ou de projetos que as escolas desenvolvem. Ou seja, mais uma vez os deputados não fazem idéia com o que estão lidando; esqueceram-se de estudar a matéria.


Diante desses fatos, é inevitável deduzir que os parlamentares querem mostrar serviço e que o País tem dinheiro para investir na educação. Imagine pagar todos esses novos professores. Mas será que essa dedução está certa? Acho que não. Além disso, se cruzarmos os dados das duas notícias, vemos que o Brasil faz tudo errado: investe pouco nos alunos e ainda quer inventar projetos duvidosos, isso é uma falácia, é como enxugar gelo. O certo mesmo seria fazer o arroz-com-feijão: nada de medidas paliativas, somente investimentos a longo prazo. Querem mais uma dica, parlamentares? Um bom ensino tem: metas acadêmicas, professores capazes de executá-las e um sistema preparado para cobrar os resultados. Cabe acrescentar pais envolvidos também.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Veja e a educação

Depois de duas semanas, pude ler a edição de Veja sobre educação. Como sempre, preciso tecer algumas críticas às críticas feitas por ela.

O fato de os professores quererem formar cidadãos foi condenado. Então, pergunto: se os pais delegaram essa incumbência às escolas, quem, no final das contas, fará isso, “já que não é o papel da escola”? O motivo de condenarem isso deve ser porque as aulas não são neutras, pelo contrário, são esquerdistas. Aí eu concordo. Devemos ser o mais imparcial possível quando falamos com o público, assim como a imprensa também deveria ser imparcial. Contudo, essa imparcialidade está, há muito, um tanto fosca nas páginas dessa revista. Parece-me aquele ditado: “o sujo falando do mal lavado”.

“Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. [Olha a imparcialidade aí, gente!] Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade.” Diante desse trecho, não há muito o que comentar. Lógico que entre os professores, em se tratando de pedagogia, não há outra figura mais marcante para nós, brasileiros. Esse paulistano é estudado até em outros países. Como desmerecer este mérito? Ou será que as cabeças pensantes desse periódico querem que nós continuemos com a velha educação bancária, esta sim do séc. 19. Paulo pregava uma liberdade e uma autonomia maior dos alunos, não é isso o que a matéria queria também? No entanto, quero que fique bem claro que não quero endeusar Paulo Freire; quero apenas lembrar algumas pessoas de que ele é um pensador e deveria ser respeitado como tal. Além disso, é mais que óbvio que ninguém até hoje chegou perto de Einstein. Único problema é que, para a pedagogia, ele não colaborou muito.

Para terminar, Gustavo Ioschpe declara em seu artigo que “pela mesma razão que o estado é laico, as aulas do estado também deveriam ser politicamente neutras”. Eu completaria dizendo que a imprensa também deveria, mas meu comentário é um pouco diferente. O Estado é tão laico que diz no preâmbulo da constituição o seguinte: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. Então, eu pergunto: o que “Deus” está fazendo aí?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Amanhã é o dia em que a noite será ilustre

Isso explica o motivo de eu ter “desaparecido” nestas últimas 7 semanas, principalmente depois do dia dos namorados. É que, bem nesse dia, eu me mudei para a casa nova – com escritório novo, de onde escrevo esta satisfação a vocês, leitores.

Todos sabem que junho é corrido, pois nós professores temos de fechar o semestre, o que já é um “bom” motivo para ficar trancado em casa só cuidando das provas, dos trabalhos, das cadernetas, de toda a burocracia que todos, certamente, conhecem. Por causa da mudança, tudo isso ficou um pouco mais corrido, acentuado. Sem falar da faculdade que tem as mesmas coisas, mas comigo do outro lado; o do aluno. Poxa, este ano não houve greve na UNESP, acreditam?

Com a chegada de julho e das merecidas férias do meio do ano, eu, realmente, tirei férias. Pelo menos, no que diz respeito as minhas atividades normais. É claro que fiz alguns serviços (que não costumava a fazer) como pintar calha, limpar piscina, arrumar estante de livros (o que me trouxe uma surpresa muito enorme, minha avó me deu os cinco volumes do Caldas Aulete), decorar a casa, fazer a cama, etc. Acredito que esta é a única maneira de fazer com que eu me desligue do trabalho, já que declarei há algumas crônicas que sou workaholic. Infelizmente, no dia 2, eu perdi alguém muito especial para mim: meu avô materno. Ele foi responsável por quase toda a minha formação (leia-se a formação do caráter e escolar). Nessa situação, pude ver que sou bem parecido com ele, meu grande mentor e herói.

Sim, consegui ler alguns livros e revistas (poucos, confesso) que estavam há muito esquecidos na minha estante. Consegui descansar, dormir cedo e acordar tarde uns dias e não fazer muitas coisas nos domingos. Assisti ao emocionante filme do Vinicius de Moraes e, finalmente, a série inteira de Band of Brothers. Excelente!

Mas o que será que eu quis dizer com “amanhã é o dia em que a noite será ilustre”? Ora, não é nada mais nada menos que o meu enlace matrimonial. Isso mesmo, meu casamento. Espero ver muitos de vocês lá, sei que não é possível ver todos. E fica meu convite especial para um grande amigo e leitor deste blog, o Pablo.

Abraços de alguém muito feliz.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Crítica à entrevista da Globo

Assistindo à entrevista do casal acusado da morte da Isabella, pude observar que:
1- a madrasta fingia o tempo todo que chorava, mas sem derramar lágrima (tudo bem, ela derramou uma ou outra, não mais);
2- o pai falava a mesma coisa o tempo todo, apelando para o valor da família. Falava que a família dele era exemplar, ímpar, parecia até de extraterrestres, pois não brigavam. Que ele nunca relou a mão nela. E que a Isabella era uma criança dócil e não dava nenhum trabalho, sempre aceitava tudo e respeitava todos. Ele teve de insistir, repetir e se convencer até conseguir se emocionar um pouco no final;
3- a entrevista não foi bem feita, pois o casal não falou sobre o crime, sobre as acusações. Eles só falaram sobre a família. Parece até que o entrevistador estava tentando ajudá-los a se defender. Acho até que um qualquer que acabou de sair do BBB faria algo melhor.

A Globo não deveria ter se sujeitado a isso só por causa da audiência. O que será que o Arnaldo Jabor, o Alexandre Garcia e o Percival de Souza têm a dizer sobre esse teatrinho que exibiram? Olha que não citei o Datena nem o Boris Casoy. Cabe à Globo entrevistar as testemunhas que contradizem o que o casal declarou e fazer um jornalismo mais imparcial, que busca a verdade.

O Faustão, no seu programa, antecipou a inoportunidade de um pré-julgamento, mesmo diante de provas já fartamente divulgadas. Será que alguém acredita na versão do casal de que há uma terceira pessoa? Então por que não há nenhum indício?

Já que a justiça hesita em extraditar o Abadia para os EUA, então, vamos trocar, vamos mandar o Alexandre Nardoni e a Anna Carolina Jatobá, mas claro, para um Estado que, ao menos, tenha prisão perpétua.

Quem acusado de um crime hediondo não aproveitaria para se defender, explicar minuciosamente sua versão no horário nobre?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Educação obrigatória

Assistindo ao CQC (Custe o que Custar) ontem, novo programa humorístico da Band, pude ver uma coisa inconcebível, pelo menos aos olhos da lei. No quadro “Proteste Já”, Rafinha estava tentando resolver um problema de esgoto em uma região de Santo Amaro (SP) com um dos cabeças da SABESP quando um menino que mora nas proximidades declarou que não estava matriculado na escola este ano porque não sobrou vaga. Ora, isto é inadmissível de acordo com a nossa LDB (Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Vejamos o que a lei diz:

Art. 4º O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I — ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria.

Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.

Sabendo disso, devemos denunciar que este garoto não tem vaga na escola, e, se nenhuma providência for tomada para resolver este problema, o prefeito (Kassab) pode até ser cassado. Vamos exigir nossos direitos e fazer com que as autoridades cumpram seus deveres.

domingo, 6 de abril de 2008

Brasília, cidade estrangeira

Há duas ou três semanas, durante o feriado prolongado, fui visitar Brasília. Na verdade, fui ao casamento de minha prima Heloisa, mas, já que estava lá, pude conhecer as principais obras-primas da capital.

Minha impressão é de que a cidade não faz parte do Brasil, obviamente, pela arquitetura dos prédios – Niemeyer é um artista ímpar mesmo –, e pela urbanização – feita por outro artista de peso, Lúcio Costa, que teve a brilhante idéia de fazer uma cidade com a forma de um avião. Isso foi possível graças ao mentor, Juscelino Kubitschek, o homem de visão, pois, sem ele, Brasília seria apenas “o céu azul, a terra vermelho-pungente e o verde triste do cerrado” (Vinicius de Moraes). (Abro este parêntese para associar dois fatos, sendo que um deles é muito triste: JK trouxe a indústria automobilística e, por infelicidade do destino, morreu em um acidente de carro.)

Memorial JK e o Ensino

Depois de conhecer os principais prédios, meu tio, meu primo e eu fomos ao Memorial JK. Lá dentro fiquei pensando sem parar em que todo aluno tem de passar por aqui. De fato, é uma aula inesquecível de História e de qualquer outra matéria, por exemplo, Língua Portuguesa, pois há documentos, artigos, recortes de jornal da época, e é inevitável não fazermos a comparação da escrita daquela época com a de agora. Isso sem falar da biblioteca e dos itens pessoais do presidente, outra aula, agora de Moda.

Foi nesta visita ao Memorial JK que comprovei que sou wokaholic, não por ser uma pessoa que trabalha demais e sempre fala sobre o serviço, mas sim por ter um estilo de vida que valoriza tudo isso. Durante todo o passeio fiquei pensando na didática na sala de aula; pensando em como incorporar excursões desse tipo no currículo ou em como poderia incorporar essas experiências em minhas aulas. Não refletia em mais nada a não ser no décimo inciso do terceiro artigo da LDB: a valorização da experiência extra-escolar.

Um dos resultados desse passeio foi algumas fotos que você pode conferir aqui.

domingo, 16 de março de 2008

Domingo: dia de descanso ou trabalho?

Muitos trabalhadores folgam apenas um dia na semana. Muitos no domingo e muitos em um dia que varia conforme a escala. Isso sem falar dos autônomos, que trabalham sem parar, e de pastores que é justamente neste dia em que mais trabalham (bom, pressupostamente). Não podemos nos esquecer daqueles que guardam o sábado, mas acredito que essa seja uma outra história (ou não).

Quanto a mim, mero mortal que dá aulas de inglês e faz traduções de filmes e documentários, sem mencionar as revisões de textos sempre com urgência, não tenho muita folga. Para ser sincero, confesso que é no domingo que eu termino uma tradução ou preparo aulas, trabalhos e provas ou corrijo provas e trabalhos. Eu faço completamente o contrário de alguns que declaram de pé junto que não fazem absolutamente nada no domingo, que é dia de descanso. Entretanto, estes trabalham um pouco mais na semana. Por isso, não sei se é tão preferível assim não fazer algo no dia sagrado e “ralar” mais durante semana.

Tradicionalmente, quando não estou trabalhando no dia internacional do descanso, eu gosto de ler um periódico (ou mais), assistir a alguns noticiários, tocar bateria na igreja que freqüento e, logicamente, ir à igreja também. Contudo, de um ano, ou um pouco mais, para cá, eu tenho trabalhado muito, sem ter tempo para “perder” com os meus passatempos dominicais. Hoje, porém, eu tive um dia mais tranqüilo, visto que consegui ler um periódico, corrigir trabalhos e preparar duas provas. Isso, para mim, foi ter um dia de descanso. Fiquei tão feliz que acabei até escrevendo isto aqui.

Depois de tudo isso, acabo de chegar à conclusão de que sou workaholic, como muitos amigos, e não consigo parar de pensar nos meus trabalhos. Será que isso incomoda alguém? Será que sou o único assim? Pelo menos, não tenho tempo para perder com certas bobagens.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A loteria e o futebol

Só faltava essa. Inventaram uma loteria para ajudar os times a quitar suas dívidas com o Governo. O nome dela? Só podia ser TIMEMANIA.

Além de pagarmos, de forma direta ou indireta, para assistir aos jogos pela TV, pelo rádio ou na arquibancada, “teremos” de ajudar mais ($$$) os times, comprando bilhetes de uma loteria cujo lucro será dividido entre eles.

O que eu posso fazer se a diretoria das equipes não soube administrar o dinheiro que tinha? Incentivos assim não ocorrem nas companhias de teatro, balé ou qualquer outra arte.

Por estas e outras, continuo não gostando de futebol. Acho que agora estou começando a odiar.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Diário de férias na praia

– Amor, você poderia pegar uma toalha molhada com água gelada? Mas tem de ser com água do chuveiro, da pia não serve.
– Ah, não, querido. Estou cansada. Você é um folgado.
– Ué, mas não é justamente você que quer se casar?

Profundo silêncio.

– E eu quero me casar com uma mulher “prestadeira”.
– “Prestadeira” eu posso até ser, mas prestativa, não.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Até tu, Fernando?

CMPF, PDE e Formação de Professores


O ministro da Educação Fernando Haddad soltou uma frase que eu não quero ouvir. Mas a frase chegou até aqui por meio de uma fonte confiável, a de Renata Cafardo no Estadão. Então, não tenho como não acreditar. A declaração dele é histórica. Diz ele que está “apreensivo” com a possível não aprovação da CPMF, pois o Brasil foi muito mal no exame do PISA e isso seria devido ao fato de nosso investimento em educação, por aluno, ser muito baixo, e o chamado Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE )poderá resolver isso, mas depende de recursos. Então, nos deixa concluir, que uma vez aprovada a CPMF haverá recursos e no próximo PISA não haverá competidor para nós.

Faz mais de trinta anos que trabalho com educação e com a análise da educação brasileira. Não consegui ver ligação entre CPMF e o nosso ensino. Telefonei para outros colegas que também se dedicam a isso. Também eles ficaram de boca aberta. Que a CPMF tenha se tornado a grande questão nacional mostra a nossa mediocridade política. Mas que, agora, o PDE ou qualquer outra tentativa de melhorar nossa educação possa ter alguma coisa a ver com a CMPF, e que até o Fernando Haddad tenha entrado nessa cruzada do PT, é de deixar qualquer um triste.

O PDE é um plano que não funciona como plano. Não tem diretriz própria. É uma colcha de retalhos. Uma boa colcha de retalhos. Mas é retalho! E sua pedagogia não é ligada a qualquer diretriz vinda do meio da filosofia da educação; ela é inspirada no movimento do grupo capitaneado pelo empresário Gerdau, o “Todos Pela Educação”. A idéia desse grupo é o “faça você mesmo”. Tudo é empurrado para a tal da “sociedade civil” ou para a uma invenção chamada “comunidade”. Isso é o PDE. Não há um vínculo entre o PDE e os recursos de modo explícito na legislação vigente e no PDE. Portanto, entrar nessa de seguir o coro da desconhecida Dilma e do conhecidíssimo Lula e dizer, em tom quase de chantagem, que a não aprovação da CPMF é algo que poderia ser prejudicial para a educação, é algo que merece um só conselho: psicanálise ou, para não dizer tanto, repouso. O ministro está cansado. Só pode ser isso.

Todo tipo de imposto já foi colocado para a sociedade brasileira. E nós sabemos que nosso país tira mais de quem não tem do que de quem tem. A CPMF não foge a esta regra. Todos nós já vimos mais de 20 anos de democracia, em que todos os governos que nos forçaram a pagar mais taxas disseram que seria “para o bem da educação, saúde” e qualquer outra dessas coisas que Sarney chamava de “social”. Sim – era “tudo pelo social”. Qual o resultado? O resultado é o PISA: somos os últimos do exame. E não adianta o Fernando Haddad dizer que a vida vai começar só quando ele terminar de levar o PDE para todo canto (como se não existisse telefone, internet etc.), pois isso não o tira de estar dentro da história. E a história diz que já se foi um mandato do Lula e mais um ano, e NADA aconteceu para vermos melhorias.


Paulo Ghiraldelli Jr.
O Filósofo da Cidade de S.Paulo
Site www.ghiraldelli.pro.br