terça-feira, 29 de abril de 2008

Códigos de rádio

Acredito que todos saibam que “over” significa “câmbio”, usado no final de cada fala no rádio. Contudo, enquanto traduzia um dos episódios da série Números (Numbers) do canal A&E Mundo, veja o que encontrei:

DON: Alright, we’re going to need a bomb squad. Get them to set up a perimeter.

MEGAN: Aren’t we in it? (into mic) I need a perimeter around the building. There’s a bomb on the roof.

David's voice: (O.C.) Roger that.


Don, agente do FBI, disse que precisava do esquadrão antibomba. Megan, então, o solicitou pelo rádio (observem que está escrito “into mic”), e David respondeu “Roger that”.

O que o David disse? Quem é esse Roger?
A) É o garçom de um restaurante que David estava chamando para pedir um café?
B) É o amigo dele que estava indeciso se pegava isto ou aquilo, e o David disse: “Roger, aquilo”.
C) Ou não é ninguém. Esta fala é de algum fantasma, portanto, deve ser ignorada.

Nada disso, é que “Roger” é uma interjeição usada no rádio para expressar que o ouvinte entendeu a mensagem, ou seja, significa simplesmente “entendido”.

Espero que tenham gostado da dica. Câmbio, desligo.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Crítica à entrevista da Globo

Assistindo à entrevista do casal acusado da morte da Isabella, pude observar que:
1- a madrasta fingia o tempo todo que chorava, mas sem derramar lágrima (tudo bem, ela derramou uma ou outra, não mais);
2- o pai falava a mesma coisa o tempo todo, apelando para o valor da família. Falava que a família dele era exemplar, ímpar, parecia até de extraterrestres, pois não brigavam. Que ele nunca relou a mão nela. E que a Isabella era uma criança dócil e não dava nenhum trabalho, sempre aceitava tudo e respeitava todos. Ele teve de insistir, repetir e se convencer até conseguir se emocionar um pouco no final;
3- a entrevista não foi bem feita, pois o casal não falou sobre o crime, sobre as acusações. Eles só falaram sobre a família. Parece até que o entrevistador estava tentando ajudá-los a se defender. Acho até que um qualquer que acabou de sair do BBB faria algo melhor.

A Globo não deveria ter se sujeitado a isso só por causa da audiência. O que será que o Arnaldo Jabor, o Alexandre Garcia e o Percival de Souza têm a dizer sobre esse teatrinho que exibiram? Olha que não citei o Datena nem o Boris Casoy. Cabe à Globo entrevistar as testemunhas que contradizem o que o casal declarou e fazer um jornalismo mais imparcial, que busca a verdade.

O Faustão, no seu programa, antecipou a inoportunidade de um pré-julgamento, mesmo diante de provas já fartamente divulgadas. Será que alguém acredita na versão do casal de que há uma terceira pessoa? Então por que não há nenhum indício?

Já que a justiça hesita em extraditar o Abadia para os EUA, então, vamos trocar, vamos mandar o Alexandre Nardoni e a Anna Carolina Jatobá, mas claro, para um Estado que, ao menos, tenha prisão perpétua.

Quem acusado de um crime hediondo não aproveitaria para se defender, explicar minuciosamente sua versão no horário nobre?

sábado, 19 de abril de 2008

O prefixo "anti"

Quem leu o jornal Estado de São Paulo deste sábado (19 de abril de 2008) deve ter, no mínimo, pensado duas vezes, coçado a cabeça e esfregado os olhos (sem falar dos outros tiques nervosos – que minha aluna teima em chamar de tíquete-nervoso. Só gostaria de saber o que dá para se comprar com isso). Mas por que tudo isso? Porque você deve ter ficado na dúvida quanto à grafia correta de “antiaids”: escreve-se tudo junto ou com hífen?

Esta dúvida surgiu porque na capa do jornal estava escrito o seguinte: “Tratamento gratuito anti-aids [hifenizado] atrai estrangeiros”. Depois, encontramos o seguinte título para o artigo: “Acesso universal a drogas antiaids [tudo junto] atrai estrangeiros para o Brasil”. Então, qual é o correto?

Segundo o próprio Manual de Redação e Estilo do Estadão, o prefixo “anti”

1 — É seguido de hífen quando o segundo elemento começa por h, r e s: anti-histamínico, anti-rábico, anti-séptico, anti-semita. Nos demais casos: antiaéreo, antiespasmódico, antiinflacionário, antiofídico, anticristo, antimatéria, etc.
2 — Use o prefixo sempre com hífen quando ele se ligar a um nome próprio, substituindo a preposição contra: anti-Brasil, anti-Gorbachev, anti-Clinton, anti-EUA, anti-Rússia, anti-Mirage.
3 — Quando anti se liga a um substantivo comum, o adjetivo resultante não tem plural: carros antitanque (e não antitanques), medicamentos antichoque.

Portanto, o correto é “antiaids”, tudo junto.

Quero aproveitar este espaço para derramar uma lágrima em homenagem ao autor deste Manual do Estadão e do livro “Uso do Hífen”, Eduardo Martins, que morreu neste último domingo. O País perdeu mais um artista da língua lusitana.
Um abraço e obrigado pelas lições.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Educação obrigatória

Assistindo ao CQC (Custe o que Custar) ontem, novo programa humorístico da Band, pude ver uma coisa inconcebível, pelo menos aos olhos da lei. No quadro “Proteste Já”, Rafinha estava tentando resolver um problema de esgoto em uma região de Santo Amaro (SP) com um dos cabeças da SABESP quando um menino que mora nas proximidades declarou que não estava matriculado na escola este ano porque não sobrou vaga. Ora, isto é inadmissível de acordo com a nossa LDB (Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Vejamos o que a lei diz:

Art. 4º O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I — ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria.

Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.

Sabendo disso, devemos denunciar que este garoto não tem vaga na escola, e, se nenhuma providência for tomada para resolver este problema, o prefeito (Kassab) pode até ser cassado. Vamos exigir nossos direitos e fazer com que as autoridades cumpram seus deveres.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Quanto custa cada parlamentar no Brasil?

Recebi este vídeo por e-mail e acredito que a população deva saber disso e exigir mais (respeito, trabalho, ética...) dos parlamentares.

domingo, 6 de abril de 2008

Brasília, cidade estrangeira

Há duas ou três semanas, durante o feriado prolongado, fui visitar Brasília. Na verdade, fui ao casamento de minha prima Heloisa, mas, já que estava lá, pude conhecer as principais obras-primas da capital.

Minha impressão é de que a cidade não faz parte do Brasil, obviamente, pela arquitetura dos prédios – Niemeyer é um artista ímpar mesmo –, e pela urbanização – feita por outro artista de peso, Lúcio Costa, que teve a brilhante idéia de fazer uma cidade com a forma de um avião. Isso foi possível graças ao mentor, Juscelino Kubitschek, o homem de visão, pois, sem ele, Brasília seria apenas “o céu azul, a terra vermelho-pungente e o verde triste do cerrado” (Vinicius de Moraes). (Abro este parêntese para associar dois fatos, sendo que um deles é muito triste: JK trouxe a indústria automobilística e, por infelicidade do destino, morreu em um acidente de carro.)

Memorial JK e o Ensino

Depois de conhecer os principais prédios, meu tio, meu primo e eu fomos ao Memorial JK. Lá dentro fiquei pensando sem parar em que todo aluno tem de passar por aqui. De fato, é uma aula inesquecível de História e de qualquer outra matéria, por exemplo, Língua Portuguesa, pois há documentos, artigos, recortes de jornal da época, e é inevitável não fazermos a comparação da escrita daquela época com a de agora. Isso sem falar da biblioteca e dos itens pessoais do presidente, outra aula, agora de Moda.

Foi nesta visita ao Memorial JK que comprovei que sou wokaholic, não por ser uma pessoa que trabalha demais e sempre fala sobre o serviço, mas sim por ter um estilo de vida que valoriza tudo isso. Durante todo o passeio fiquei pensando na didática na sala de aula; pensando em como incorporar excursões desse tipo no currículo ou em como poderia incorporar essas experiências em minhas aulas. Não refletia em mais nada a não ser no décimo inciso do terceiro artigo da LDB: a valorização da experiência extra-escolar.

Um dos resultados desse passeio foi algumas fotos que você pode conferir aqui.