Não me agradou nem um pouco a demissão do professor e poeta Oswaldo Martins. Só porque ele escreve poemas eróticos (os quais não são trabalhados em sala de aula), não quer dizer que seja um péssimo professor ou que vá influenciar os alunos a sair por aí praticando "você sabe o quê". A TV já desenvolve um excelente trabalho nesse ramo.
Pelo teor e pela qualidade dos poemas que eu li, Oswaldo é muito bom. Um ou outro poema contém palavras mais fortes. Além disso, a escola se considera moderna, construtivista e estimuladora da expansão cultural. Parece-me que ela se contradisse com essa atitude. E o ponto fulminante dessa história foi que um grupo de pais, quando leram os poemas, foi correndo expulsar o professor da escola. Pelo amor de Deus, a escola não pode dar ouvido a apenas alguns pais. Se for dar ouvido, que seja a todos, então.
Isso me deixa revoltado. Quanta hipocrisia há neste mundo. Então, eu pergunto: esse grupo de pais, ao ver TV com os filhos, se é que faz isso, muda de canal quando passa uma cena erótica ou meramente sensual? Esses pais já conversaram sobre sexo e assuntos correlatos com os filhos? A internet dos filhos tem filtro? Esses pais sabem se os filhos são virgens ou sabem como e com quem aconteceu?
À escola pergunto: ela não gostaria de ter no corpo docente Manuel Bandeira, por exemplo? Mas ele e tantos outros escreveram poemas eróticos. À escola pergunto novamente: não seria moderno abordar a sexualidade em suas aulas? É, certamente, uma tarefa difícil, mas primordial. Hoje mesmo, para citar um exemplo, um professor de biologia contou-me que, durante uma aula de vírus, um aluno perguntou se AIDS mata. Tem cabimento um negócio desse? Ainda por cima, o aluno era do terceiro ano do Ensino Médio.
Um pouco de realidade não mata. Não sejamos quixotescos.
Um comentário:
Preciso esclarecer uma coisa aqui. Quando o aluno perguntou se AIDS mata, ele queria saber se é uma doença que leva à morte. Ela, por si só, não mata, mas é sabido que deixa o portador bem debilitado, com o sistema imunológico fraco. Assim qualquer doença que ele pegar é preocupante e pode causar o óbito. Hoje em dia com o advento dos coquetéis, a vida do soropositivo é muito mais longa, porém ele ainda enfrenta os efeitos colaterais dos medicamentos e o preconceito da população. Portanto, inquestionavelmente, a AIDS é uma doença muito perigosa: a mazela de nossa geração.
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