sábado, 18 de outubro de 2008

Por uma escola mais digna (II)

Faltam famílias. Pronto, disse tudo o que precisava sobre o papel dos pais na educação dos filhos. Contudo, esse termo está tão banalizado hoje em dia a ponto de o pai matar, esquartejar e jogar no lixo os filhos. Absurdo? Aconteceu em Ribeirão Pires, aqui no estado de São Paulo. Família não significa maispessoas vivendo sob um mesmo teto” (Dicionário Houaiss), pois a moda é se casar e depois se divorciar. Está certo, ainda assim continuam pessoas vivendo sob um mesmo teto, mas a família (pai, mãe, filhosou as pessoas que representam essas figuras) que havia ali se desintegrou. E perceba que não foi usado o verbo “aturar-se”, “suportar”, “sobreviver”, “perseveraroutolerar”, mas simviver”, que de acordo com o Aurélio significa: “1. Ter vida; estar com vida; existir. 2. Perdurar, subsistir; durar. 3. Passar à posteridade; perpetuar-se. 4. Gozar a vida, sabendo aproveitá-la. 5. Tirar partido de tudo. 6. Habitar, residir, morar. 7. Alimentar-se, sustentar-se”.

 

No entanto, faz realmente falta uma família para o estudante? Vejamos duas pesquisas recentes. “Com a participação ativa dos pais na vida escolar, a nota dos alunos é cerca de 20% maior”, Revista Veja, 24 de setembro de 2008. “Pais que são freqüentadores de igrejas [juntamente com os filhos] tendem a ser mais preocupados com a educação de seus filhos e interagem mais com professores”, afirmou Edwin Hernandez, que realizou essa pesquisa nos EUA (Folha de S. Paulo). Evidentemente, os filhos desses pais se saem melhor na escola. Está certo que a pesquisa foi nos EUA, mas se fosse aqui, no Brasil, não teria um resultado parecido?

 

Para ficar mais fácil e didático, enumero sete características do pai (ou mãe) exemplar. Ele deve: 1. ser amoroso, mas não permissivo. 2. manter, em casa, a harmonia, o respeito e o diálogo aberto (não adianta nada você ser o homem mais poderoso do mundo, se não for nada para o filho). 3. cobrar que seu filho durma cedo, vá à escola, estude, faça lição de casatudo isso diariamente. 4. não tentar comprar o filho com presentes. 5. fazer o filho refletir, entender por que errou, não criticar comportamentos inadequados (outra pesquisa americana mostra que, em média, uma mãe fala 34,2 nãos por dia – faltou completar que não adianta nada). 6. estimular o filho a ter metas. 7. desenvolver a capacidade crítica dele, principalmente ao ver TV. Se você, pai ou mãe, não desempenhar esse papel, quem desempenhará? A criança? Por acaso, ela adquiriu autonomia para não precisar de vocês? O professor, então? Deixar mais essa responsabilidade nas costas do professor não funciona, pois ele não vai embora para casa com o aluno. É responsabilidade de vocês, pais.

 

Quanto à relação pai e professor, precisamos estabelecer algumas regras e limites para acabarmos, definitivamente, com essa guerra. Se, por ventura, algum dia o senhor, pai, não aprovar certa atitude do professor, ou vier a seu conhecimento algum equívoco que este cometeu, não diga isso ao filho. Vá e converse, em particular, com o professor. Por que isso? Se declararem ao filho que o professor não sabe nada ou que não poderia ter feito isso ou aquilo, o filho, na figura de estudante, nunca mais irá respeitar o professor. Ele pensará que o papai, sempre, o defenderá e que, deste modo, poderá fazer tudo o que bem entender. Acontecendo isso, todos, inclusive os pais, terão dificuldade de lidar com ele. Assim como o pai, o professor deve ser o herói. Nunca podemos enfrentá-lo, afirmar que lhe falta qualidade e caráter ou lhe retirar a autoridade. Podemos e devemos dialogar com ele, visando à melhoria da educação, mas não na presença do filho. Enfim, é preciso confiar os filhos ao professor e ponto final.

 

Mais uma vez quero deixar claro que a culpa do fracasso escolar não é dos pais nem dos professores; é de todos. Ainda resta discutirmos o papel dos estudantes.

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