Hoje, o problema
abordado é o uso do porquê. Muitos acham que quem inventou os quatro porquês
não tinha mais nada para fazer. Isso quando não questionam a integridade da
mamãe do inventor. Contudo, não cabe a nós questionar sua existência; devemos
aprender seu uso e ponto-final.
Então, quais são os
quatro cavaleiros do apocalipse que causam terror nos falantes do português?
Porquê, porque, por quê, por que. Tentemos explicar seu uso, sucintamente. O primeiro
é substantivo. Assim, vem, normalmente, acompanhado de adjunto adnominal (o
mais comum é o artigo). Exemplo: Sei o porquê do erro.
O segundo indica
uma causa ou uma explicação. Tem a função de conjunção. Exemplo: Ele foi bem no exame porque estudou.
O terceiro
(escrito com acento e separado) é, com frequência, usado no final de uma
pergunta — direta ou indireta. Exemplo: Não
comprou aquele livro por quê? Ela foi reprovada sem saber por quê.
E o último é parecido
com o terceiro. Usa-se em perguntas também (direta ou indireta), mas quando não
estiver no final da frase. Exemplo: Por que não comprou aquele
livro? Ela não sabia por que fora
reprovada.
Já entendeu o erro do
quadrinho? Não? Vejamos três dicas, então. Use a que você achar mais fácil.
1) “Por que” é usado
quando estiver subentendido “o motivo”.
Eu nunca entendi por que (o motivo pelo qual) inventaram
embalagens de batata frita com fecho.
Observemos que não
indica uma causa ou uma explicação. Assim, “porque” no sentido de “pois” não
cabe na frase acima.
2) Já ouviu falar que
inglês é mais fácil? Neste caso, pode ser. O inglês pode facilitar nossa vida. Havendo
apenas dois porquês (why [por que] e because [porque]), fica mais fácil
entendermos qual porquê empregar no português se traduzirmos a frase.
I can’t understand why
ou because? Se fizer sentido why, use “por que”. Caso contrário, use
“porque”.
3) Você sabe o que é
oração coordenada e subordinada? Orações coordenadas não dependem uma das
outras, já as subordinadas estão tão intimamente ligadas que não podem viver
separadas. Analisemos dois exemplos.
A) Eu nunca entendi porque você nunca explicou.
B) Eu nunca entendi por que fizeram isso.
O exemplo A contém
duas orações coordenadas. A segunda explica o motivo de o sujeito não ter
entendido. Elas são tão independentes que posso separá-las, sem grandes
prejuízos. Eu nunca entendi. Você nunca
explicou.
O exemplo B mostra
uma oração principal (Eu nunca entendi) e uma subordinada (por que fizeram
isso), que complementa o verbo entender.
Observemos que o complemento de um verbo é chamado de objeto. Assim, a oração
subordinada é objeto direto de entender.
O que eu nunca entendi? A razão de eles terem feito isso. Portanto, empregando
uma oração subordinada objetiva direta, a conjunção correta é por que.