Foi estabelecida como regra principal deste
blog a moderação de comentários. Para quem não se lembra, está escrito aqui.
Assim, por conter um palavrão, um dos últimos comentários não foi postado.
Todavia, considerei oportuno reproduzi-lo editado nesta postagem a fim de
discutir a ideia em pauta. Jorge Garcéz escreveu a seguinte crítica ao texto Exame, vexame:
Amiguinho autor, se você tivesse visto a foto em alta resolução,
veria que no cartaz da mocinha consta, sim, vírgula e aspas.
O "mais" foi escrito entre aspas, o que demonstra
intencionalidade. Você deveria deixar se ser um direitista e passar a prestar
mais atenção nas coisas.
Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que
o erro de digitação não foi meu. Foi o Jorge que escreveu “deixar se ser” em
vez de “deixar DE ser”. Eu apenas ocultei a palavra de baixo calão.
Quanto à crítica de que devo prestar mais
atenção nas coisas, eu poderia rebater simplesmente afirmando que a foto sintetiza
nossa educação. Ela mostra um exame falho e um erro que nossos estudantes
corriqueiramente cometem. Dessa forma, isentar-me-ia — num bom português — da
discussão “Escreveram errado no cartaz ou não?”. Nessa linha de raciocínio, eu
poderia acrescentar que os protestantes da foto não são necessariamente
estudantes nem autores dos cartazes.
Contudo, isto me traz à memória uma foto e
uma citação. O grande revisor Thiago Martins ensinou: “Não adianta o negócio
estar certo e quem ler suspeitar que está errado. Não basta estar certo, tem de
parecer certo”. A foto é esta:
Assim, perguntamos: Se a intenção é mostrar
que escreveu errado, por que não usar aspas e vírgula em tamanho proporcional
às letras?
Por fim, Jorge deu-me um rótulo que até então
eu não sabia que tinha. Ele deve ter deduzido que, sendo contra o governo, sou
direitista. Será que não passou pela cabeça dele que sou um professor
inconformado com o sistema educacional? Alguém que tenta, com todas as forças,
melhorar a educação? Além disso, não me lembro de ter tomado partido ao
escrever este blog. Já defendi, alguma vez, a direita ou a esquerda? Ou pior
ainda, já defendi algum político? É perturbadora a constatação de que por esta
causa já encontrei (ou fiz?) mais inimigos que aliados. Todavia, aviso: se não
querem melhorar nem ajudar a educação, que, ao menos, não sirvam de obstáculo.
Por esta causa, para finalizar, deixo o
e-mail que o professor Henrique Rosa me enviou:
Isso esclarece duas coisas.
Em momento algum, você criticou
explicitamente algum partido ou ideologia política. Apenas se posicionou diante
de um assunto polêmico, que, aliás, já deu muito pano pra manga nos últimos
três anos, em virtude de sucessivos e absurdos escândalos.
Notamos que, para qualificá-lo de tal
maneira, Jorge deve ser de "esquerda" (aliás, o que seria esquerda ou
direita hoje?). Sendo assim, já que a maioria dos que se proclamam
"esquerdistas" são favoráveis ao governo federal, ele deve ser um
ávido apoiador da situação e suas políticas educacionais. Esse sujeito, então,
considera que a educação não vai tão mal assim. Muito pelo contrário, os alunos
sabem escrever tão bem, a ponto de fazer um trocadilho irônico com a conjunção
"mas", para reforçar o argumento relacionado ao protesto.
Pois bem, supondo que esse postulado seja
verdadeiro (e, no caso da foto, deve ser mesmo: em alta resolução, verifica-se,
de fato, a presença das aspas — quase imperceptíveis) e ele sendo portador da
razão e fruto dessa nobre educação oferecida por nosso Estado, verificamos que
há uma incoerência em seu discurso. O distinto cidadão não conseguiu
simplesmente interpretar a linha de raciocínio do texto, que apenas destacava o
erro gramatical e comentava a óbvia ineficiência do exame, e já levou a
crítica estritamente para o campo político. Sabemos que ensino de baixa
qualidade gera dificuldades de uma correta interpretação de texto dissertativo.
Ou é somente uma visceral estupidez e
mediocridade da parte dele, que, apenas lendo uma pequena nota em seu blog, sem
conhecer nada da sua vida, sua personalidade, sua ideologia e seus princípios,
tomou liberdade para estereotipá-lo? Se for isso, não tem motivo para haver
espanto. Essa é uma característica própria de alguns "esquerdistas":
acusam e ofendem muito, mas argumentam pouco (sim, acabei de estereotipá-lo
também, por puro sarcasmo).
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