Todos os anos, a Fuvest elege as melhores redações dos
vestibulandos e as divulga para que sirvam de exemplo aos alunos que prestarão
os próximos vestibulares.
Na última edição do vestibular, a redação da assisense Carolina
Morais Veloso de Mattos figura entre as 29 melhores. Atualmente, ela cursa o
primeiro semestre de Engenharia de Materiais da USP – São Carlos.
Abaixo estão a redação elogiada e o comentário do professor Vinicius Tomazinho.
O título é apropriado e revela não só a temática da
redação, como também a posição adotada pela candidata. O adjetivo “triste”
indica que a autora não concorda com o aborto político. A crítica fica nítida
no segundo parágrafo.
Já no primeiro parágrafo, podemos constatar que a
candidata é bem preparada e tem um bom repertório. Pelo fato de citar a revista
Times e a Primavera Árabe, notamos
que, além de bem informada, ela tem a capacidade de relacionar notícias e
desenvolver um raciocínio lógico.
O terceiro parágrafo evidencia uma característica que
toda redação de vestibular deveria ter: a candidata mostra que compreendeu os
textos da coletânea e fez uso eficiente de um deles. Tal característica somada
à consistência temática, à adequação ao tipo de texto e ao perfeito
desenvolvimento e conclusão garantiu não apenas uma boa nota, mas também o
privilégio de fazer parte do rol das melhores redações da Fuvest de 2012.
Quanto aos erros gramaticais, a autora foi quase
impecável. Houve um deslize na acentuação de ínterim — proparoxítona, o que é
perdoável, devido ao grande número de pessoas que pronunciam a palavra de forma
errada. Antes da última reforma ortográfica, o não, quando empregado como
prefixo, se ligava à palavra seguinte com hífen. Contudo, essa regra não está
mais vigente. Portanto, o correto é “não políticas”. O último deslize diz
respeito a este enunciado: “ser que participa e se identifica a um senso
coletivo”. É preciso muito cuidado ao ligar dois verbos que têm o mesmo
complemento. Tal construção só é permitida se a regência verbal for a mesma.
Participar e identificar são verbos transitivos indiretos, mas exigem
preposições diferentes: de e com, respectivamente, e não a. Assim, deveríamos
refazer o período: “ser que participa de um senso coletivo e com o qual se
identifica”.