quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Polêmica



Foi estabelecida como regra principal deste blog a moderação de comentários. Para quem não se lembra, está escrito aqui. Assim, por conter um palavrão, um dos últimos comentários não foi postado. Todavia, considerei oportuno reproduzi-lo editado nesta postagem a fim de discutir a ideia em pauta. Jorge Garcéz escreveu a seguinte crítica ao texto Exame, vexame:
Amiguinho autor, se você tivesse visto a foto em alta resolução, veria que no cartaz da mocinha consta, sim, vírgula e aspas.
O "mais" foi escrito entre aspas, o que demonstra intencionalidade. Você deveria deixar se ser um direitista e passar a prestar mais atenção nas coisas. 
Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que o erro de digitação não foi meu. Foi o Jorge que escreveu “deixar se ser” em vez de “deixar DE ser”. Eu apenas ocultei a palavra de baixo calão.
Quanto à crítica de que devo prestar mais atenção nas coisas, eu poderia rebater simplesmente afirmando que a foto sintetiza nossa educação. Ela mostra um exame falho e um erro que nossos estudantes corriqueiramente cometem. Dessa forma, isentar-me-ia — num bom português — da discussão “Escreveram errado no cartaz ou não?”. Nessa linha de raciocínio, eu poderia acrescentar que os protestantes da foto não são necessariamente estudantes nem autores dos cartazes.
Contudo, isto me traz à memória uma foto e uma citação. O grande revisor Thiago Martins ensinou: “Não adianta o negócio estar certo e quem ler suspeitar que está errado. Não basta estar certo, tem de parecer certo”. A foto é esta:

Assim, perguntamos: Se a intenção é mostrar que escreveu errado, por que não usar aspas e vírgula em tamanho proporcional às letras?
Por fim, Jorge deu-me um rótulo que até então eu não sabia que tinha. Ele deve ter deduzido que, sendo contra o governo, sou direitista. Será que não passou pela cabeça dele que sou um professor inconformado com o sistema educacional? Alguém que tenta, com todas as forças, melhorar a educação? Além disso, não me lembro de ter tomado partido ao escrever este blog. Já defendi, alguma vez, a direita ou a esquerda? Ou pior ainda, já defendi algum político? É perturbadora a constatação de que por esta causa já encontrei (ou fiz?) mais inimigos que aliados. Todavia, aviso: se não querem melhorar nem ajudar a educação, que, ao menos, não sirvam de obstáculo.
Por esta causa, para finalizar, deixo o e-mail que o professor Henrique Rosa me enviou:
Isso esclarece duas coisas.
Em momento algum, você criticou explicitamente algum partido ou ideologia política. Apenas se posicionou diante de um assunto polêmico, que, aliás, já deu muito pano pra manga nos últimos três anos, em virtude de sucessivos e absurdos escândalos.
Notamos que, para qualificá-lo de tal maneira, Jorge deve ser de "esquerda" (aliás, o que seria esquerda ou direita hoje?). Sendo assim, já que a maioria dos que se proclamam "esquerdistas" são favoráveis ao governo federal, ele deve ser um ávido apoiador da situação e suas políticas educacionais. Esse sujeito, então, considera que a educação não vai tão mal assim. Muito pelo contrário, os alunos sabem escrever tão bem, a ponto de fazer um trocadilho irônico com a conjunção "mas", para reforçar o argumento relacionado ao protesto.
Pois bem, supondo que esse postulado seja verdadeiro (e, no caso da foto, deve ser mesmo: em alta resolução, verifica-se, de fato, a presença das aspas — quase imperceptíveis) e ele sendo portador da razão e fruto dessa nobre educação oferecida por nosso Estado, verificamos que há uma incoerência em seu discurso. O distinto cidadão não conseguiu simplesmente interpretar a linha de raciocínio do texto, que apenas destacava o erro gramatical e comentava a óbvia ineficiência do exame, e já levou a crítica estritamente para o campo político. Sabemos que ensino de baixa qualidade gera dificuldades de uma correta interpretação de texto dissertativo.
Ou é somente uma visceral estupidez e mediocridade da parte dele, que, apenas lendo uma pequena nota em seu blog, sem conhecer nada da sua vida, sua personalidade, sua ideologia e seus princípios, tomou liberdade para estereotipá-lo? Se for isso, não tem motivo para haver espanto. Essa é uma característica própria de alguns "esquerdistas": acusam e ofendem muito, mas argumentam pouco (sim, acabei de estereotipá-lo também, por puro sarcasmo).